Mosquitos
fiorentinos
Cassiano
Fernandez
Era nossa última
noite na Itália, no dia seguinte embarcaríamos de volta para Paris, de onde dali
a três dias embarcaríamos de volta para o Brasil.
Convenci meu pai a
celebrar nossa saída da República Italiana em grande estilo.
Fomos jantar na Trattoria Baldini, uma das mais benquistas
trattorias de Firenze.
Durante o jantar, a
comida dava pena de comer de tão boa que estava, o clima estava tão agradável
que nós três – eu, meu pai e minha mãe – demos conta de um litro e meio de Chianti, tradicional vinho toscano, e de
uma maravilhosa Vitella, que chegava
a derreter na boca.
De fato, não nos
arrependemos em nenhum aspecto de ter seguido as recomendações do maitre, um certo Stefalo, italiano
simpático, de semblante agradável.
Acabada a orgia
gastronômica, voltamos para o flat onde estávamos hospedados e ainda fomos
confraternizar com nossos amigos que haviam vindo conosco do Brasil.
Depois de muita
gargalhada e algumas garrafas de vinho, - as garrafas de vinho italiano têm um
problema grave, esvaziam com uma rapidez jamais vista -, resolvemos nos
recolher ao nosso apartamento.
Como o calor imperasse,
uma coisa que aliás é comum em se tratando da Toscana, meu pai, digamos
romanticamente, fez a sugestão:
- Vamos dormir com
as janelas abertas?
Nesse momento,
confesso ter passado pela minha cabeça, mesmo que por uma fração de segundos,
sugerir que o aparelho de ar condicionado fosse ligado. Ao invés disso,
coloquei-me na cama após o boa-noite.
Algumas horas
depois, já na alta madrugada, os mosquitos de Firenze resolveram invadir o apartamento.
Foi uma noite
infernal, não importava o que fizéssemos: botar o travesseiro na cabeça,
botar-se debaixo do cobertor – coisa aliás que era impossível por conta do
calor. Virávamos de um lado para o outro e cheguei até a ouvir minha mãe
perambular pelo apartamento, pois finalmente resolvera fechar a janela, mas
infelizmente já era tarde demais.
O pior era que
teríamos que estar de pé no dia seguinte às seis horas da manhã, pois o voo
para Paris decolaria às dez.
Então, acordamos neste
horário parecendo uma família Addams, cheia de olheiras devido à noite mal
dormida.
Aí vai uma dica aos
meus caros leitores:
- Se um dia forem à
capital da Toscana, NUNCA DURMAM DE JANELA ABERTA!
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