segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Conselhos deficientes


O Globo, Opinião, 29/12/2014:

Conselhos deficientes

ANDREI BASTOS

No início de 2014, um grupo muito representativo do movimento das pessoas com deficiência cariocas me propôs concorrer à presidência do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro (Comdef-Rio) com o seu apoio. Vencemos as eleições.

Totalmente por fora das idiossincrasias da máquina burocrática do governo municipal, me lancei à nova tarefa com o entusiasmo que teima em não me abandonar. Não que eu não tivesse consciência do estado de subalternidade e pequenez do Conselho, mendigando orçamento anual de trinta mil reais, em situação de um ridículo perverso, e cuja existência paritária vinha servindo apenas para satisfazer egos equivocados de gestores públicos. Acredito que por isso mesmo fui convocado, pois não me ajusto a conjunturas com tais características.

Já presidindo o Comdef-Rio, participei de diversos eventos reunindo outros conselhos municipais do país e cheguei à conclusão de que a anulação política não é característica exclusiva do conselho carioca, se configurando como desavergonhada “política pública” de quase todas as prefeituras, deixando a maioria dos conselhos como meros elementos figurativos, sem expressão na formulação ou implementação de políticas públicas verdadeiras para as pessoas com deficiência.

Ora, governos conscientes de seu verdadeiro papel devem trabalhar para o bem comum, e como tal devem sempre fortalecer a sociedade civil organizada, que é a origem legítima de muitas ações governamentais que atendem à sociedade e a seu avanço civilizatório.

Mas não existem prefeituras comandadas por governantes conscientes de seu verdadeiro papel, ao menos nas questões referentes às pessoas com deficiência, senão como exceções, raras, cujos conselhos fiquei conhecendo por citações elogiosas de militantes históricos ou por estarem no Encontro Regional de Conselhos de Direitos da Pessoa com Deficiência - Região Sudeste, realizado em maio pelo Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade) em São Paulo, que possibilitou em oficinas temáticas “a construção coletiva de estratégias para a ampliação e o fortalecimento de conselhos municipais e estaduais de defesa de direitos das pessoas com deficiência”.

Embora o encontro da região sudeste tenha concluído que cada conselho deveria procurar a configuração mais adequada à sua realidade de atuação, ficou evidente que ao menos nos grandes centros urbanos o formato paritário mais resulta em parasitário, sem rejeição dos poderes executivos hospedeiros, que tornam “seus” conselhos reféns dos seus interesses equivocados. Este é o caso do Rio de Janeiro.

O movimento brasileiro de luta pelos direitos da pessoa com deficiência tem consciência de que ainda falta muito a ser conquistado no combate ao preconceito e à discriminação e, particularmente, nas políticas públicas que cerceiam a emancipação social das pessoas com deficiência. Se os conselhos de defesa de direitos existem para realizar controle e fiscalização sociais, como poderão fazê-lo sem autonomia e peso político?

A conclusão óbvia para se atribuir autonomia e peso político aos conselhos é de que eles devem ser tripartites, trazendo para suas composições instituições de grande expertise e projeção social, independentes, como Ordem dos Advogados do Brasil, Ministério Público, Conselhos de Arquitetura e Urbanismo, Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia, Conselhos de Medicina etc., assim como se estabelecerem com independência financeira, com fundos próprios. Dessa forma, será possível eliminar o paradoxo de conselhos que deveriam defender os direitos da pessoa com deficiência serem deficientes.

Andrei Bastos é presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Anjo de Natal

Anjo de Natal
Pintado com a boca
Markus Kolp
 

 
Descrição: quadro retangular vertical com figura infantil de anjo ao centro, como se estivesse voando. O rosto, em traços simples, mostra um sorriso largo em expressão de felicidade. O anjo veste uma bata branca que contém estrelas douradas e suas asas também contêm um pouco dessa cor. O fundo do quadro é em tons de amarelo e de um branco que dá a impressão de nuvens em volta do anjo.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

CIEE Rio - Vagas para Pessoas com Deficiência


Você é Pessoa com Deficiência e tem interesse em ingressar ou se recolocar no mundo do trabalho?

Encaminhe seu currículo e laudo médico atualizado para o e-mail programapcd@cieerj.org.br e concorra às vagas de Estágio, Aprendiz e CLT.

*Possuímos oportunidades para todos os níveis de escolaridade.

Para inscrições e maiores informações:
Tel.: 3213-9155 | 3213-9152 |
E-mail: programapcd@cieerj.org.br

Divulguem para seus contatos!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Um Rio de Inclusão


DIA: 5 de dezembro de 2014
HORÁRIO: 9h às 17h
LOCAL: CIAD Mestre Candeia
Av. Presidente Vargas, 1997 – 3º andar – Centro – Rio de Janeiro/RJ

 
P  R O  G  R  A  M  A  Ç  à O
 
MESA DE ABERTURA: 9h

Georgette Vidor
Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPD)
Alexandre Isquierdo
Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Câmara dos Vereadores    
Andrei Bastos (Comdef-Rio)
Presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência

MESAS DE DEBATES:

9h30m
MESA 1 - INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO
Danilo Groff (Secretaria Municipal de Trabalho e Emprego - SMTE)

11h
MESA 2 - EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Izabel Maior (Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Comdef-Rio)

14h
MESA 3 - POLÍTICA PÚBLICA INCLUSIVA E ACESSIBILIDADE NA COMUNICAÇÃO
Itamar Kalil (Arquiteto)

14h30m
MESA 4 - PESSOA COM DEFICIÊNCIA E SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICA
Vânia Mefano (Secretaria Municipal de Saúde - SMS)
Nair Saraiva (Secretaria Municipal de Saúde -  SMS)
 

Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

Dia Internacional da Pessoa com Deficiência
3 de Dezembro
Dia de ler, conhecer e divulgar a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
Cumpra-se!

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Notícia triste

É com grande tristeza que o Comdef-Rio informa que seu conselheiro e querido companheiro de lutas pelos direitos das pessoas com deficiência João Carlos Farias, representante do IBDD, faleceu na última quinta-feira, dia 20/11, vítima de um infarto fulminante.

A missa de sétimo dia será amanhã, dia 26, às 18h, na Igreja do Largo do Machado.

sábado, 22 de novembro de 2014

Espaços deficientes

O Globo, Opinião, 22/11/2014:

Espaços deficientes

GRACIELA POZZOBON DA COSTA

Pode uma menina cega assistir a uma peça de teatro e ao fim sair comentando sobre detalhes do cenário e figurino? Pode um rapaz surdo ir a um musical e se emocionar com a letra das músicas que compõem a trilha? Pode uma pessoa cega ser júri de um festival de cinema? Pode um grupo de amigos cegos ir ao teatro e ler o programa sem ajuda?

As situações descritas acima têm acontecido ultimamente, graças a alguns recursos de acessibilidade, que, quando bem aplicados, permitem que pessoas com deficiência visual e auditiva absorvam o conteúdo imagético e sonoro de um evento.

A audiodescrição e material em Braille para as pessoas cegas, a interpretação em Língua Brasileira de Sinais e as legendas em português, para as pessoas surdas, são os recursos de acessibilidade responsáveis por quebrar barreiras, estabelecer um novo patamar de convívio e minimizar a desigualdade histórica de oportunidades à qual as pessoas com deficiência estão submetidas.

Segundo a ONU, cerca de 10% da população mundial, aproximadamente 650 milhões de pessoas, vivem com uma deficiência e cerca de 80% dessas pessoas vivem em países em desenvolvimento. Diante desta constatação, todos os esforços para diminuir as barreiras que impedem o acesso desta parcela da população às atividades cotidianas deveriam estar no centro das discussões e planejamentos dos governos. Enquanto isso não acontece, devemos atribuir à palavra “deficiente” aos locais que não estão adaptados a receber o público na sua totalidade.

No atual sistema de produção cultural do Brasil, grande parte dos projetos é realizada via leis de renúncia fiscal, ou seja, através de impostos de todos os brasileiros, incluindo as pessoas com deficiência visual e auditiva. Desta forma, seria razoável que este grupo também tivesse acesso às obras produzidas.

Leis e editais que indiquem a aplicação dos recursos de acessibilidade nos projetos culturais, políticas públicas, diálogo entre setores e linhas de financiamento são ações urgentes que apenas se esboçam no horizonte.

Enquanto se aguarda a reação dos poderes a este movimento que já vem se consolidando há mais de uma década no Brasil pelo esforço de líderes da causa das pessoas com deficiência, profissionais engajados e alguns agentes culturais pioneiros no poder público e privado, cenas como as descritas no início deste texto continuarão acontecendo. É certo que com uma frequência muito aquém do ideal, mas em consistente crescimento ao longo dos anos.

Em um panorama ideal, todos os cinemas e teatros disponibilizariam recursos de acessibilidade. Não ouviríamos mais falar em “sessões especiais” para pessoas com deficiência e sim em ambientes para todos, onde os recursos estão disponíveis para quem precisa. As pessoas com deficiência escolheriam o programa como qualquer outra pessoa do público.

Quando os eventos forem feitos para todos, as deficiências estarão em segundo plano e seremos simplesmente pessoas vivenciando uma experiência, independentemente das diferentes necessidades de cada um.

Quem já teve a oportunidade de participar de um acontecimento onde os recursos de acessibilidade estão disponíveis e as diferenças são respeitadas sabe que a inclusão não faz bem apenas para as pessoas com deficiência, mas sim para todos. A possibilidade do convívio pleno é transformadora e fortalecedora para todos os indivíduos indistintamente e nos coloca em um novo patamar de evolução.

Graciela Pozzobon da Costa é atriz e especialista em audiodescrição

Fonte: O Globo

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Rio+inclusivo


Participe de um grande movimento de cidadania

O Ministério do Trabalho e Emprego, o INSS e o Senac RJ convidam você para a maior feira de oportunidades de trabalho para pessoas com deficiência já realizada no Estado do Rio de Janeiro.
Grandes grupos empresarias estarão reunidos no mesmo espaço para divulgar mil oportunidades de emprego nos mais diversos setores de atuação.
E mais: serão oferecidos serviços de consultoria sobre benefícios previdenciários, emissão de carteira de trabalho e cursos de qualificação.
Aproveite esta chance. Esperamos você! Entrada gratuita.

Importante: Não esqueça de levar os seguintes documentos:
Original do documento de identidade e CPF
CID (Código de Identificação da Doença)
Comprovante de residência
Currículo (opcional)

Dia: 17 de novembro de 2014
Hora: 9h às 17h
Local: Centro Politécnico do Senac RJ
Rua 24 de maio, 543 – Riachuelo (Acesso Rua Paes de Andrade, 25)

Transfer especial: Metro São Cristóvão x Politécnico x Metro São Cristóvão (circular)

domingo, 9 de novembro de 2014

Lei de reserva de vagas é desrespeitada no estado

Ministério vai intensificar a fiscalização. Só 30% das empresas cumprem essa legislação
HENRIQUE MORAES

Rio - Apenas três em cada dez empresas no Rio atendem integralmente à Lei 8.213/91 que determina oferta de vagas de empregos a pessoas com deficiência (PcD). Segundo auditoria da Superintendência Regional do Trabalho do Estado do Rio (SRTE/RJ), órgão vinculado ao Ministério do Trabalho, das aproximadamente 3.800 companhias obrigadas a cumprir a lei de cotas, somente 1.140 (30%) estão em dia com a legislação de reserva de oportunidades para esse público. De olho nas oportunidades de vagas temporárias no fim de ano, a superintendência intensificará a fiscalização nas contratações.

Igor Baiense, que tem deficiência visual parcial, trabalha na Shell desde 2012. Ele usa um leitor de tela com mensagem de voz
Foto:  Divulgação

“Se empregam temporários, por ocasião do Natal ou qualquer outro evento, essas vagas também integram a base de cálculo da cota de pessoas com deficiência. Então, as empresas devem ficar atentas em observar o percentual mínimo de empregados com deficiência. Eles devem fazer parte do quadro de funcionários”, alerta Joaquim Travassos, coordenador do Projeto de Inserção de PcD no Mercado de Trabalho da SRTE/RJ.

Travassos informa que no ano passado 70% (903) das 1.290 empresas fiscalizadas foram multadas. Ele relata que a maioria tentar justificar, sem sucesso, a falta de mão de obra qualificada.

“A ausência de qualificação é característica do mercado de trabalho brasileiro como um todo e não pode servir de justificativa para não contratar deficientes, que encontram mais barreiras para se qualificar”, avalia.

Igor Melman Reis Baiense, 27 anos, analista de relações com a mídia da Shell Brasil Petróleo, é deficiente visual parcial, mas isso não o impede de exercer as funções na petroleira. Ele foi contratado em agosto de 2012. Para suprir a baixa visão, ele usa o aplicativo Jaws (leitor de tela para deficientes visuais).

“Com a tecnologia, consigo ler qualquer coisa. Sou uma pessoa produtiva como qualquer outra de visão plena. Não podemos relaxar em função de nossa condição. Devemos nos qualificar. As oportunidades existem e cada vez mais o mercado absorve”, comenta.

Para dar oportunidades ao pessoal com deficiência, no próximo dia 17, cerca de 50 empresas de diversos setores vão oferecer 1.200 vagas de empregos no evento Rio Mais Inclusivo, no Centro Politécnico do Senac RJ, no bairro do Riachuelo, Zona Norte. Na ocasião, a inscrição fará cadastro para 200 vagas gratuitas de cursos de qualificação. A iniciativa é parceria entre a SRTE/RJ, a Gerência-Executiva do INSS do Rio/Centro e do Senac RJ.

Para reduzir o preconceito

Para reduzir o alto número de empregadores que não cumprem a lei de cotas, o superintendente Regional do Trabalho e Emprego no Rio de Janeiro, Antônio de Albuquerque Filho, diz que a SRTE/RJ busca estimular a conscientização das empresas, principalmente por meio dos setores de Recursos Humanos.

"O trabalhador com algum tipo de limitação física ou mental, por exemplo, pode ser tão eficiente quanto qualquer outro. Os problemas encontrados por eles são os mesmos das pessoas sem deficiências, como a baixa escolaridade e a baixa qualificação. O que falta é a oportunidade”, avalia.

O coordenador do Projeto de Inserção de Pessoas com Deficiência da SRTE/RJ, Joaquim Travassos, lembra que desde 2011 o governo federal vem adotando novas ações em benefício desse grupo por meio do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência — Viver sem Limite (Decreto 7.612/11). Segundo Travessos, o plano tem ações desenvolvidas por 15 ministérios e a participação do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade).

“O Viver sem Limite envolve todos os entes federados e prevê um investimento total de R$ 7,6 bilhões até o fim de 2014 em ações que ajudem a inserção dos PcDs. Além disso, alguns órgãos públicos promovem atividades de sensibilização nas empresas para a quebra do preconceito”, diz.

Fonte: O Dia



quinta-feira, 6 de novembro de 2014

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Pessoa com Deficiência: Saúde na Atenção Básica


Pessoa com Deficiência: Saúde na Atenção Básica
Ciclo de Debates Comdef-Rio - 2014

PALESTRANTES

Patrícia Albuquerque
Acesso nas Unidades Básicas de Saúde

Luciene Cinti
Ações no NASF - Núcleos de Apoio à Saúde da Família para pessoas com deficiência

Rozeli Amaral
Dança com pessoas com deficiência numa Clínica de Saúde da Família

Nair Saraiva de Almeida
Colegiado Gestor

***
PROGRAMA
Dia 13 de novembro, quinta-feira

14h - Abertura
14h15m - Patrícia Albuquerque
14h45m - Luciene Cinti
15h15m - Rozeli Amaral
15h45m - Nair Saraiva de Almeida
16h15m - Debate
17h - Encerramento

***
Av. Presidente Vargas, 1997, Auditório 311
Centro - Rio de Janeiro/RJ
Tel.: (21) 2224-1200

Encontro com a Justiça, em 31/10/2014


quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Urgente!: Matrícula de alunos com deficiência na rede municipal do Rio

Crianças e adolescentes com deficiência, transtorno global do desenvolvimento, altas habilidades e/ou superdotação terão prioridade na busca por uma vaga nas escolas da rede pública do município do Rio de Janeiro. As inscrições são feitas pela internet, no endereço eletrônico www.matriculadigital.rioeduca.rio.gov.braté amanhã, sexta-feira (31/10), e quem não conseguir se candidatar neste período, poderá tentar novamente em janeiro. No site é possível escolher até 5 escolas próximas à residência do aluno e obter mais informações por meio de uma cartilha, que pode ser baixada facilmente.
 
Os pais que pretendem colocar os filhos na rede municipal, ainda têm a opção de procurar um dos profissionais do projeto Aluno Presente, criado para ajudar as famílias a colocar as crianças de 6 a 14 anos na escola. O projeto também acompanha os alunos com risco de evasão durante o ano, para que continuem frequentando as aulas. 
 
Se você conhece alguma criança fora da escola, avise pelo e-mail projeto@alunopresente.org.br ou pelos telefones 3521.1670 e 3521.1671. 
 
O projeto Aluno Presente é uma parceria da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura do Rio e da Associação Cidade Escola Aprendiz.
 

domingo, 26 de outubro de 2014

Candidatos mostram desconhecimento sobre o tema da deficiência no último debate


Por Inclusive – Inclusão e Cidadania

Finalmente as questões relativas às pessoas com deficiência foram abordadas em um debate dos candidatos à presidência. Infelizmente, 45 milhões de brasileiros, grande parte deles eleitores, e suas famílias, ficaram decepcionados com o que ouviram. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada no Brasil como norma constitucional, a maior conquista até hoje do movimento, não foi lembrada pelos candidatos, e a palavra inclusão, a meta que deveria nortear todos os governantes, não foi mencionada nem uma vez.

O que vimos de ambos os lados foi o desconhecimento do tema e um discurso despreparado, que não foi além da visão do senso comum, de que as pessoas com deficiência são coitadinhas que só precisam de assistência. Nada do que gostaríamos de ouvir de postulantes à presidência do país.

O candidato Aécio já começou escorregando na terminologia, mencionando o termo portador, antes de se emendar e referir-se à terminologia vigente de pessoa com deficiência. Quem o está assessorando na área deve ter tremido na base com essa gafe, logo de entrada. Depois disse que iria fortalecer as Apaes que, na verdade, para que seja cumprida a Convenção, deveriam passar a dar apoio à política de educação inclusiva

A candidata Dilma, ao invés de aproveitar para falar sobre as realizações de seu governo, especialmente no que diz respeito ao expressivo aumento de matrículas de alunos com deficiência em escolas regulares, e o BPC na escola, que promove a busca ativa dos estudantes mais carentes para que estudem, preferiu voltar a seu tema preferido, o Bolsa Familia. No final, pelo menos, a candidata teve a consideração de referir-se às pessoas com deficiência como cidadãs.

Candidatos, os direitos das pessoas com deficiência não estão reduzidos a investimentos assistencialistas nas Apaes! Precisamos de acessibilidade, apoio na permanência e progresso na escola regular, residências inclusivas, acesso ao mercado de trabalho com empregos dignos, entre tantas necessidades. Uma pena nos terem feito ver que esse tema, ao contrário do que afirmaram ontem à noite, não é uma prioridade para os senhores.

Veja o que disseram os candidatos:

23:05 Aécio Neves
Aécio questiona Dilma sobre política para pessoas com deficiência
Candidata, a diretora de assistência social do seu governo confirmou essa semana numa reunião com prefeitos em Minas Gerais que os repasses do fundo nacional de assistência estão atrasados em três meses. Esse fundo na verdade atende aos programas mais fundamentais do seu governo, programas de assistência, trata-se de recursos para entidades que prestam a primeira atenção às pessoas que mais necessitam. Em relação ao orçamento voltado às pessoas portadoras, pessoas com deficiência, que é o tema adequado, foi executado apenas onze porcento do que foi aprovado até aqui, o que vem acontecendo com seu governo, candidata?

23:06 Dilma Rousseff
Dilma responde
Candidato, eu acho que o senhor está muito mal informado. O meu governo tem um, tem feito imenso esforço para levar atendimento de saúde, de educação, e acessibilidade às pessoas com deficiência. Temos também tido todo um cuidado de na assistência social criar através centros de referência de assistência social, criar toda uma política de assistência social. O centro dessa política é o Bolsa Família. Mas além do Bolsa Família, candidato, que nunca teve um atraso, nós temos uma série de outras, de outros programas complementares. Eu não tenho, eu não tenho a menor dúvida em afirmar para o senhor, e aqui também para os nossos eleitores indecisos, que o meu governo não atrasa programas sociais. Nunca atrasou. E quero dizer mais uma coisa para você. Enquanto vocês, no Bolsa Família, por todos os oito anos do governo Fernando Henrique gastaram R$ 4,2 bilhões, nós gastamos R$ 4,2 bilhões apenas em dois meses de pagamento do Bolsa Família. Não tem a menor dimensão nem comparativa com o governo que vocês fizeram.

23:08 Aécio Neves
Réplica de Aécio
Lamento, candidata, que a senhora esteja tão desinformada em relação ao seu governo, estão sim atrasados os repasses do Fundo Nacional de assistência e quero me dirigir aos municípios brasileiros, aos prefeitos que sabem exatamente do que está acontecendo, que no nosso governo isso não vai acontecer. Que as pessoas com deficiência terão prioridade nos recursos, onze por cento apenas executados até o final do mês de outubro. Eu tenho conversado muito, candidata, com parceiros e amigos meus que cuidam, se dedicam sua vida a questão, Mara Gabrili, Otávio Leite, agora o meu amigo Romário, cujo apoio agradeço. E assumi com eles o compromisso, no nosso governo as APAE serão fortalecidas, diferente do seu governo que tentou extingui-las, e esse repasse, a garantia da transferência desses recursos será prioridade absoluta no meu governo, pode faltar para outras coisas, para essa não faltará.

23:09 Dilma Rousseff
Tréplica de Dilma
Para o seu governo, candidato, os seus governos, tanto do PSDB como o seu em Minas Gerais, vocês jamais repassaram para as APAE o que nós repassamos em todo o meu período de governo. R$ 5,9 milhões. Isto, candidato está escrito e registrado. Nós fizemos com as APAE o maior programa dentro do que nós entendemos como viver sem limites. Ao mesmo tempo, candidato, nós oferecemos para as pessoas com deficiência toda uma assistência e uma atenção, seja no que se refere a saúde como a educação. Além disso, candidato, tem um dado importantíssimo, a nossa política para as pessoas com deficiência reconhece nas pessoas com deficiência cidadãos brasileiros.

Fonte -http://eleicoes.uol.com.br/2014/ao-vivo/2014/10/02/debate-com-os-candidatos-a-presidencia-da-republica-na-tv-globo.htm
http://oglobo.globo.com/brasil/corrupcao-economia-voltam-ser-temas-centrais-em-debate-na-tv-14356413

Foto – Alessandro Cassiano – Agência O Globo

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Exposição Cidade Acessível

Visitação
22 de outubro a 21 de dezembro de 2014
Terça a sexta das 9h às 20h
Sábados, domingos e feriados das 10h às 20h
ENTRADA FRANCA
Escolas e Grupos
Agendamento antecipado pelo telefone: 21 2542-7494
 
Programação completa e link para mídias sociais em:

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Teatro dos Sentidos: Feliz Ano Novo


O TEATRO DOS SENTIDOS volta a estrear sábado, dia 11 de outubro, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro, com o espetáculo Feliz Ano Novo, depois da última temporada de sucesso em Brasília. Em 2010 foi a maior bilheteria do Teatro de Arena da mesma Caixa Cultural. A novidade tecnológica para 2014 é a pesquisa e aplicação de um som imersivo baseado no *Iosono.

CEMIG, Caixa Econômica e Paula Wenke apresentam o espetáculo “Feliz Ano Novo”, nos moldes do Teatro dos Sentidos, vivenciando outra forma de encenação, experimentando aromas, sons, sabores, toques e texturas.

Espetáculo: FELIZ ANO NOVO
Estreia: 11 de outubro
Local: Caixa Cultural Rio de Janeiro
Sala Margot - Av. Almirante Barroso, 25, Centro
Ao lado do Metrô - Estação Carioca
Tel.: (21) 3980-3815
Classificação etária: 12 anos
Temporada: de 11 a 26 Outubro de 2014 
Horários: sábados e domingos, às 19h
Duração: 60 minutos
Ingressos: 20,00 (inteira) / 10,00 (meia)
Deficientes físicos têm ingresso gratuito
Acompanhantes de deficientes pagam meia
50 espectadores

O Teatro dos Sentidos é uma nova técnica de encenação teatral ou, simplificando, um jeito diferente de fazer teatro criado para uma plateia de cegos, que pela deficiência perdem no teatro, TV e cinema as ações físicas, expressões faciais ou simplesmente informações visuais. Já o público que enxerga usa vendas durante as nossas apresentações, ficando em iguais condições.

Criado por uma brasileira e carioca - Paula Wenke - o Teatro dos Sentidos é caracterizado pela utilização de textos originais ou particularmente adaptados para que haja total compreensão da história, e a máxima estimulação dos sentidos remanescentes (audição, olfato, paladar e tato), suprimindo a visão. Paula Wenke, começa as suas pesquisas em 1997, com seus alunos da Casa da Gávea, Rio de Janeiro.

A Intravisão é estimulada pelos outros sentidos e por textos ricos em ação, múltiplos cenários sugeridos, comicidade, romance e reflexão, dando dinamismo à história representada. O público cria suas próprias imagens a partir da memória e até mesmo do inconsciente, gerando uma enorme gama de emoções profundas e intensas. Para tanto, temos atores chamados atores/provocadores que são devidamente treinados para executarem tais estímulos geradores desta enorme riqueza de sensações.

A crítica nacional e internacional considerou o Teatro dos Sentidos como uma das criações mais relevantes em termos de encenação dos últimos tempos. Além da busca pela qualidade dramatúrgica criada pela diretora multimídia e poetisa Paula Wenke, o grupo proporciona inclusão cultural, permitindo que o cego entenda totalmente uma obra encenada; inclusão social porque emprega atores também deficientes, justo porque neste tipo de encenação não há limitações físicas para a escalação do elenco; e, por último, talvez o mais importante: a inclusão atitudinal gerada na plateia de enxergantes, especialmente. Explicamos a inclusão atitudinal através da fala a seguir:

Trechos de **Deborah Prates, advogada e cega que assistiu ao Teatro dos Sentidos no Planetário em 2011, em carta espontânea de agradecimento à CEMIG pelo patrocínio:

“O Teatro dos Sentidos, por incrível que pareça, destina-se muito mais às pessoas SEM deficiência do que às pessoas com deficiência. Paula Wenke e seu elenco fazem imensuráveis exercícios de acessibilidade atitudinal com o público. O foco da acessibilidade atitudinal que a pensadora do Teatro dos Sentidos propõe acontece pelo trocar de almas. Assim acontece quando o enxergante se coloca no lugar do cego, mesmo que numa situação prazerosa.

Ao se colocar no lugar de alguém, sentindo o que este sente, é possível fazer nascer o sentimento de solidariedade, o que nos caracteriza humanos, o que motiva a mudança de atitude com relação ao outro, no caso, o deficiente.

Temos as melhores leis do planeta para os deficientes no Brasil. Mas de nada adiantam as leis se não são cumpridas, por descaso ou se não somos respeitados e vistos como seres capazes. Representamos 24% da população brasileira. Significa que de cada quatro brasileiros, aproximadamente, um é deficiente. Mesmo que não tenhamos alguma deficiência durante a juventude, esta pode ocorrer na velhice, como: perda de audição, visão e dificuldades de locomoção. Por estes números e informações, percebe-se que não há saída. Não há brasileiro algum que no mínimo não vá conviver com a deficiência física ao menos em sua família. É uma circunstância de todos, e todos precisam saber conviver bem e proativamente com o inexorável. Paula Wenke - com o Teatro dos Sentidos - consegue passar/energizar a todos que mergulham em sua arte.

Somos cidadãos e consumidores. Ter um ambiente propício para a circulação segura e comunicação eficaz faz o deficiente ter uma vida em pé de igualdade com os outros cidadãos. Para o empresariado e governo são mais consumidores circulando. Então, que não pensem em nós com a abordagem do assistencialismo simplesmente. Com o Teatro dos Sentidos percebemos, verdadeiramente, o que é ÉTICA e, principalmente, que não basta falar em ética para ser ético. Há que haver uma sintonia entre pensar/falar e agir.”

Exemplo disto é que contamos com a participação de artistas plásticos, que assistirão a estreia vendados como toda a plateia de enxergantes, e criarão a posteriori obras que depois serão expostas no próprio espaço cênico do Teatro dos Sentidos a partir da segunda semana de temporada. Neste período das duas últimas semanas de espetáculo, a plateia poderá apreciar a interpretação de cada um deles depois de tirarem as vendas, ao fim da peça. Os cegos poderão sentir a obra de uma outra maneira, a ser pesquisada e proposta por estes artistas, que têm por premissa criar uma obra acessível a todos.

Pelos motivos expostos anteriormente, a Shell, Biblioteca do Tribunal Regional Federal, Embratel, Transpetro, TV Globo, Comitê Rio 2016, procuraram o Teatro dos Sentidos espontaneamente a fim de que fizéssemos apresentações em suas instituições, para que causássemos este efeito em seus funcionários criativos ou funcionários que convivem com funcionários deficientes.

Paula Wenke: “Estamos nos preparando para as Paralimpíadas em 2016, quando receberemos inúmeros deficientes físicos do mundo inteiro e o mundo inteiro nos acompanhará pelas transmissões e escritos da imprensa. Em recente encontro com deficientes físicos no Rio de Janeiro no Espaço Ideal, o que todos os oradores deficientes pediam como o maior legado do evento: Respeito e Dignidade. Ou seja, mais do que pequenas e grandes obras de engenharia, pediram a mudança de atitude. Com ela, o restante é decorrência.”

FICHA TÉCNICA
Concepção, texto e direção: Paula Wenke
Elenco: Igo Ribeiro, Paula Wenke, Kakau Berredo, Roberta Chaves, Renata Di Carmo, Rogerio Frajola, Roberto Freitas, Fernando Leão, Jasmine Fonteles, Bruno Wenke, Ana Felipe, Helena Jardim e Camila Maia
Trilha sonora: Paula Wenke
Operador de som: Júlio Hochstatter
Sonoplasta: Edinho Souza
Violinista: Diemison Lima
Programador visual: João Souza
Diretor de produção: Luiz Prado
Produtora Assistente: Francine Fonteles
Fotógrafo: Márcio Iúdice
Assessoria de Imprensa: Kassu Produções
Realizaçao: Wenke Produções Artísticas Ltda. Me

SINOPSE
Gabriel é filho adolescente de Roberto, Comandante da Marinha e viúvo. O garoto encontra um livro de Vinicius de Moraes com uma dedicatória de amor de uma mulher misteriosa que assina “Dama do Mar”, e pergunta ao pai sobre ela. O Comandante se vê quase que obrigado a relembrar o encontro intenso dos dois em uma noite de Réveillon, baile de máscaras e fantasia. O rapaz, também apaixonado por uma coleguinha de escola, pode mudar o rumo da história romântica de seu pai. 

Sugestão Importante: Os links colocados em vídeo logo a seguir revelam o quanto a plateia de cegos e enxergantes aprecia o espetáculo em questão. O Teatro dos Sentidos não é só uma proposta rica em propósitos, consegue obter críticas cheias de entusiasmo, paixão e bons presságios para o futuro.

Links para vídeos:
Compilação geral de depoimentos da Plateia. Lady Francisco e outros.
Paula Wenke participa do programa Sem Censura. Apresentação de Leda Nagle
Fotos para a divulgação do Teatro dos Sentidos.
Sugestão: as quatro últimas:

(*O Iosono projeta "focos" e "planos" de som. Os focos podem parecer estarem vindo do céu acima, de apenas alguns centímetros do espectador ou de qualquer posição no espaço. As paredes podem, entre outras aplicações, simular a sensação de som ambiente de outro local. Batizado de Iosono, o novo sistema de som espacial e imersivo foi criado pela equipe do cientista alemão Karlheinz Brandenburg)


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Política Pública Inclusiva e Acessibilidade na Comunicação

Convite em formato retangular com fundo branco e margem direita com uma faixa azul e, à esquerda, fotos dos palestrantes junto aos seus nomes. No alto a esquerda está a logomarca do COMDEF-Rio. Logo abaixo grafado na cor azul está o título do evento, seguido das outras informações:
 
Política Pública Inclusiva e Acessibilidade na Comunicação
Ciclo de Debates Comdef-Rio - 2014
 
PALESTRANTES
 
Antonio Figueira de Mello
Foi diretor de eventos na Barra da Tijuca e diretor do Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. Tem grande experiência com turismo e natureza e é secretário municipal especial de Turismo do Rio.
 
Itamar Kalil
Arquiteto e urbanista, pela Universidade Federal da Bahia, mestre em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade da California, Berkeley – USA. Técnico Pericial do Ministério Público / RJ.
 
Claudia Jacob
Jornalista e Psicopedagoga (Univ. Cândido Mendes - RJ), edita e apresenta o Jornal Visual, telejornal para surdos, da TV Brasil. Ganhou o Prêmio Brasil de Esporte e Lazer de Inclusão Social - Telejornalismo e o Prêmio Mobilidade Urbana da Fetranspor.
 
Antonio Borges
Informático pela UFRJ, com mestrado e doutorado em Engenharia de Sistemas e Computação pela COPPE-UFRJ, trabalha no Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
***
PROGRAMA
Dia 18 de setembro, quinta-feira
 
14h - Antonio Figueira de Mello
14h30m - Itamar Kalil
15h - Debate
15h30m - Claudia Jacob
16h - Antonio Borges
16h30m - Debate
17h - Encerramento
***
Av. Presidente Vargas, 1997, 3º andar, Auditório 311
Centro - Rio de Janeiro/RJ - Tel.: (21) 2224-1200

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Inclui o teu próximo

O Globo, Opinião, 15/09/2014:

Inclui o teu próximo

ANDREI BASTOS

Eu fui recentemente a um seminário, realizado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, e fiquei preocupado com a defesa firme por parte de promotores e promotoras de Justiça palestrantes de que pessoas com transtornos mentais e outras doenças graves estão contempladas pelas leis que resguardam os direitos dos deficientes, particularmente pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da ONU.

Na minha cabeça, sempre esteve presente o mantra de que deficiência não é doença, e eu já tinha decoradas todas as justificativas necessárias de que uma coisa era uma coisa e outra coisa era outra coisa. CID (Classificação Internacional de Doenças) e CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade) eram siglas que definiam dois campos distintos para mim.

Ouvindo inquieto na minha cadeira de rodas os promotores defenderem a inclusão de esquizofrênicos e outros doentes no campo das deficiências, tendo direito à minha vaga de estacionamento, à minha prioridade de atendimento e beneficiando-se das minhas isenções tributárias e benefícios sociais, quase entrei em pânico.

Mais do que me parecer uma ideia absurda, esse entendimento da Convenção da ONU revelado pelos promotores de Justiça representou uma ameaça aos “meus” direitos, e comecei a caraminholar para contestar a heresia. Durante minhas caraminholadas, resgatei uma antiga ideia minha de total abrangência da inclusão e me interessei pelo urbanismo inclusivo, que pensa a cidade como boa moradia para todos.

Sempre achei segregador ainda colocar diferentes atributos no balaio comum da deficiência, embora seja um avanço em relação a “portadores de necessidades especiais”. Igualmente, todo órgão público, instituição ou lei com a especificidade da deficiência também segrega, incluindo a própria Convenção da ONU.

Ao considerar a palavra “deficiência” um mal necessário, enquanto der efetividade a políticas afirmativas para quitação da dívida da humanidade com as pessoas com deficiência, comecei a buscar ideias inclusivas de fato. Da consideração dos diferentes atributos (amputado, cego, surdo etc.) bastando a si mesmos à compreensão de que o atendimento das suas necessidades específicas beneficia todas as pessoas, fui mais fundo na natureza da inclusão.

Dominado por essas reflexões e pelas ideias do urbanismo inclusivo, passei a ver com outros olhos a pregação dos promotores de Justiça e até mesmo o famigerado “Estatuto do coitadinho”, do Paulo Paim, que teve seu texto alterado para melhor e hoje se apresenta como Lei Brasileira da Inclusão (um bom nome, mas inadequado se restrita aos deficientes).

Finalmente, busco as ideias da educação inclusiva e compreendo a inclusão no sentido mais amplo, de todas as pessoas – com deficiência ou não, de todas as raças, com qualquer orientação sexual etc. – e incluo no fantástico espectro da diversidade humana as pessoas com transtornos mentais e outras doenças graves – todas as pessoas, enfim –, tocando de leve a ideia de amar o meu próximo.

Andrei Bastos é presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro