terça-feira, 31 de março de 2009

Rio para cadeirantes

O Globo, Gente Boa, 31/03/2009:

Rio para cadeirantes

Andrea Schwartz é autora do “Guia Brasil para todos”, um roteiro cultural e turístico para pessoas com deficiência, disponível desde ontem no www.brasilparatodos.com.br. O guia de turismo, inédito no Brasil, lista dez capitais do país avaliadas sob o ponto de vista da acessibilidade para pessoas com deficiência. Traz todas as dicas de pontos turísticos, bares, hotéis e restaurantes com facilidades para deficientes. No Rio, ela indica o Jardim Botânico. “Além de circular facilmente com cadeira, há uma área dedicada aos cegos”, conta Andrea.

sábado, 28 de março de 2009

O Resto é Silêncio

Programa Assim Vivemos - todos os domingos, às 18h30m, na TV Brasil - com Audiodescrição, LIBRAS e CC.

Neste domingo: conheça o movimentado mundo do silêncio.

O premiado O Resto é Silêncio, de Paulo Halm, com elenco composto por atores surdos e todo "falado" em LIBRAS - a língua brasileira de sinais - é o filme que o programa Assim Vivemos, da TV Brasil, vai exibir no próximo domingo. A sensível história de amor entre um casal de adolescentes surdos leva a uma dupla reflexão: por um lado, sobre a riqueza da comunicação não-verbal; por outro, sobre a relevância do som no cinema. Premiado em Gramado como melhor roteiro de curta e melhor ator - Valdo Nóbrega -, é uma chance rara de mergulhar no universo instigante do silêncio. O contraponto é dado pelas divertidas peripécias dos adolescentes, cujo silêncio é mais que eloquente. O Assim Vivemos é apresentado pela jornalista Moira Braga, que é cega, e pelo ator Nelson Pimenta, que é surdo, e exibe sempre curtas de diversos países do mundo e perfis de pessoas com deficiência que fazem a diferença.

Quem perdeu o programa do domingo passado, não esqueça:

O Assim Vivemos também fica disponível no site www.tvbrasil.org.br/assimvivemos durante uma semana - com Audiodescrição, LIBRAS e CC.

Acesse o site e confira!

Saberemos ser felizes novamente?

Jornal Cidade da Barra, Março/2009:

Saberemos ser felizes novamente?

ANDREI BASTOS

Você é capaz de imaginar uma casa sem muros no Rio de Janeiro hoje em dia? Talvez, como privilégio de pouquíssimos condomínios de alto luxo com sistemas de segurança muito eficientes e caros. Pois há apenas três décadas isso era comum na Barra da Tijuca e no Recreio dos Bandeirantes, acredite. Em artigo anterior falei que há 30 anos não existiam calçadas na Barra e que eu me sentia quase um desbravador diante do vazio de construções. Também não existiam ladrões e a falta de gente não representava perigo. Nem favelas existiam. De tão raros, os pobres geralmente se empregavam como caseiros, para cuidar de piscinas, aparar grama ou consertar bombas de poços artesianos.

Logo depois de me tornar morador do "fim do mundo" que era a Barra, recebi a visita de meus pais, que assim classificavam meu novo bairro e diziam que eu era louco por viver "nestas lonjuras". Duas visitas mais, mudaram de opinião e trocaram o apartamento de Santa Teresa por uma casa no Recreio. Uma casa sem muros.

Eles compraram a casa do filho de Seu Roberti, este sim um desbravador. Após o fim da Panair do Brasil, onde trabalhava, Seu Roberti juntou as coisas no carro velho e seguiu pela Av. Sernambetiba até onde achou que devia. Dali tirou uma reta perpendicular à praia e também seguiu, cortando o mato a facão, até onde achou que devia. Demarcou uma área, que hoje representa um quarteirão, e se apossou da terra. Para indicar suas fronteiras, plantou uma cerca viva.

Amigo de Pasquale Mauro, grande proprietário de terras na Barra e no Recreio, Seu Roberti não tinha a mesma ambição e ficou apenas com o quarteirão do primeiro momento. Ali plantou árvores frutíferas, construiu sua casa e, mais tarde, a casa do filho, depois comprada por meus pais. Como eu morava perto deles e os terrenos das casas se ligavam por uma passagem na cerca viva, eram freqüentes os cafés da manhã reunindo minha família e Seu Roberti, que sempre levava muitas frutas. Sabíamos bem que éramos felizes!

O que nos impede de sermos felizes novamente? Esta é a pergunta que devemos fazer a nós mesmos, da Barra, do Recreio, de todo o Rio. Não é difícil entender o que aconteceu, o crescimento desordenado, a falta de oportunidades para os mais pobres. É claro que não voltaremos a viver em casas sem muros, mas também é claro que não podemos permitir o avanço desse processo desagregador da vida, que há muito ultrapassou os limites do respeito aos valores e direitos humanos.

Hoje em dia vivemos em jaulas ou guetos e espero que a história contada acima, com tão boas lembranças, além de nos animar a continuar lutando por cidadania plena para todos, com inclusão social particularmente dos mais pobres, sirva também para demonstrar o que perdemos por não termos considerado nestas três décadas as diferenças entre nós.

Da mesma forma que a Barra e o Recreio ainda têm espaço para resolver a questão da acessibilidade para pessoas com deficiência, idosos, mulheres grávidas, obesos e demais pessoas com mobilidade reduzida, também têm espaço para a urbanização das favelas existentes e para a inclusão social das suas comunidades. Saberemos ser felizes novamente?

sábado, 21 de março de 2009

Cinco mil pessoas no Dia Internacional da Síndrome de Down em Brasília

Agência Inclusive, 21/03/2009:

Cinco mil pessoas no Dia Internacional da Síndrome de Down em Brasília

Brasília - Após assistir em auditório lotado, a palestra da Dra. Elvira Garcez, ontem no Hospital das Forças Armadas (HFA), cerca de cinco mil brasilienses passaram no parque da cidade, para celebrar o Dia Internacional da Síndrome de Down - 21mar2009, no encerramento da semana que comemorou os 50 anos da descoberta da trissomia do cromossomo XXI (Saiba mais).

Rio discute Plano Nacional Pela Primeira Infância

Consulta Pública aconteceu em 17/03 e recolheu contribuições para o documento

Para aprofundar o debate sobre os direitos das crianças de zero a seis anos, a Terra dos Homens organizou a última consulta pública para recolher contribuições ao Plano Nacional Pela Primeira Infância. O documento define metas para as políticas de Estado voltadas às crianças brasileiras de zero a seis anos e deve ser encaminhado, ainda neste semestre, para o presidente da República e o Congresso Nacional.

O encontro aconteceu dia 17 de março, no auditório da Confederação Nacional do Comércio, no Centro do Rio de Janeiro. Aberto a pessoas e organizações engajadas na defesa dos direitos da criança, a consulta pública reuniu representantes de 26 organizações. O encontro foi aberto por Claudia Cabral, diretora executiva da Terra dos Homens, que lembrou a importância dos debates realizados em várias capitais brasileiras e que deram forma ao Plano Nacional Pró-Convivência Familiar e Comunitária (PNPCFC), aprovado pelo Governo Federal em 2006.

Monica Mumme, do Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip), apresentou o Plano Pela Primeira Infância e considera que sua implementação é “um grande desafio”. Para ela, o Plano vai “ampliar e fortalecer os espaços democráticos e influenciar políticas para esse público”. Como o encontro carioca recolheu sugestões sobre os temas da Educação, do Brincar e da Violência, Monica pediu que os participantes fossem além e procurassem ler o Plano na íntegra, para entender as interrelações entre os temas propostos.

Convidado para auxiliar na reflexão sobre a educação antes dos seis anos, o professor Aristeo Gonçalves Filho, da Omep/RJ - Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar/RJ, salientou que um plano para a primeira infância deve reforçar que não se educa a criança sem educar também o adulto. “Na Educação Infantil, o educar e o cuidar não podem estar dissociados. Educar não é escolarizar. Historicamente, criança é criança, e não é aluno.” Já Maria Tereza Maldonado, psicóloga e com longa experiência no atendimento de famílias, salientou que “o documento deve respeitar o vínculo entre mãe e filho, em todas as suas instâncias, e em todos os momentos”. Simone Gomes, do Instituto Promundo, demarcou as instâncias da violência contra a criança até seis anos apresentando dados de pesquisas realizadas sobre o assunto.

O que é o Plano

O Plano Nacional é fruto de discussões entre governo, sociedade civil, fundações de origem privada e agências ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU) que fazem parte da Rede Nacional Primeira Infância, entre elas, a Terra dos Homens. Criada em 2006, a Rede articula lideranças que trabalham pela promoção e garantia dos direitos da primeira infância.

Informações

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil há 22 milhões de crianças de zero a seis anos de idade. Desse total, 14 milhões estão fora da escola. Já o Censo Escolar 2003, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), aponta que no País apenas 18% de crianças de zero a três anos frequentam escola ou creche. Na faixa etária de quatro a seis anos de idade, o Brasil conta com cerca de dez milhões de crianças. Deste total, mais de três milhões não frequentam escola ou creche.

Nos ambientes de miséria – que afeta a cerca de 15% da população brasileira – e de pobreza - que atinge a 27% – a proporção de crianças pequenas é maior do que nos ambientes socioeconômicos mais aquinhoados. Mas nesses ambientes, o atendimento é mais precário e as crianças têm menores chances de frequentar creche e pré-escola, fazendo com que a exclusão no início da vida cause uma sequência de exclusões que vão se agravando e consolidando ao longo do tempo.

Relação das entidades presentes à Consulta Pública:

- Associação Beneficente São Martinho
- Associação Brasileira Terra dos Homens
- Canal Futura – Mobilização Comunitária
- Casa da Árvore
- Casa Lar Áurea Celeste
- Cecip – Centro de Criação de Imagem Popular
- Central Globo de Comunicação
- Conselho Municipal de Educação
- Foundation Bernard Van Leer
- Fundação Xuxa Meneghel
- Hospital Naval Marcílio Dias
- Inade – Instituto de Avaliação e Desenvolvimento Educacional
- Instituto Noos
- Instituto Promundo
- Omep/RJ - Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar/RJ
- Pastoral da Criança
- Profec – Programa de Formação e Educação Comunitária
- Projeto Circo Baixada
- Projeto Legal
- Quintal da Casa de Ana
- Rádio Nacional
- Rio Voluntário
- Secretaria Municipal de Saúde/RJ
- Solidariedade França-Brasil
- Terre des Hommes
- Viva Rio/Espaço Criança Esperança/RJ

***

(Clique aqui para download do esboço do Plano Nacional Pela Primeira Infância e dê sua contribuição)

***

OBS. DO EDITOR DESTE BLOG: Diante da importância deste Plano para as crianças com deficiência e das poucas referências a elas que ele contém, não podemos deixar de participar do debate e de conquistar o espaço devido e adequado no texto.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Curso de extensão

A Unisantos lança novos cursos de extensão, com o objetivo de instrumentalizar e orientar profissionais de diferentes áreas acerca de questões relacionadas ao segmento das pessoas com deficiência.

No Brasil, atualmente, 14,5% da população apresentam algum tipo de deficiência (IBGE-2000) e essa população necessita de políticas públicas, produtos e serviços que garantam sua efetiva inclusão na sociedade.

A partir do desenvolvimento de ações afirmativas, no sentido de minimizar os fatores potencializadores do processo de exclusão econômica das pessoas com deficiência, a realidade desse segmento tem se transformado de tal modo que o mercado de trabalho investe fortemente em programas de qualificação profissional e em ações de recrutamento e seleção de profissionais com deficiência.

Para ampliar as possibilidades de profissionais que atuam nas áreas de recrutamento e seleção, saúde ocupacional, gestão empresarial, entre outras importantes áreas do mundo do trabalho e renda, apresentamos o curso Avaliação Funcional para Inclusão Econômica das Pessoas com Deficiência, baseado nos princípios e conceitos da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da OMS. O curso possibilitará aos participantes o desenvolvimento de estratégias coerentes ao contexto produtivo ao qual estão inseridos, favorecendo a avaliação e o treinamento de profissionais com deficiência e, portanto, estabelecendo critérios de acordo com a realidade de cada empresa.

Local: Unisantos
Carga horária: 40 h/a
Período: maio/junho-2009
Inscrições e informações: www.unisantos.br
Investimento: R$580,00
(o valor poderá ser pago em 2 parcelas)
Professora responsável: Profa. Esp. Naira Rodrigues

Professora de Educação Física adapta modalidades esportivas a alunos com deficiências

Mônica Guimarães - 15 anos, cadeirante, pratica todos os esportes nas aulas de Educação Física. Colegas de classe jogam com regras modificadas para que a aluna esteja inserida nas atividades.

A palavra inclusão está por todos os lados, pois esta é uma das maiores características do século XXI, isto é, a busca da inclusão e interação dos mais limitados ou menos favorecidos em algum aspecto. Diante disso, observa-se a inclusão em suas mais variadas formas, para níveis sociais e educacionais, para portadores de deficiência física, idosos ou minorias raciais entre outras que não têm acesso a várias oportunidades.

E por mais que o tema esteja em alta, especialmente no quesito educação, são poucas ainda as redes educacionais que oferecem unidades tanto com estrutura física como pedagógica para alunos com necessidades especiais. Felizmente, algumas já estão prontas neste sentido e recebem a todos, indistintamente.

Este é o caso da rede de Educação Adventista da zona Sul de São Paulo que conta com unidades preparadas para a inclusão social e vai além, conta com profissionais capazes de cumprir as exigências curriculares de maneira personalizada para atendimento do aluno especial.

A professora de Educação Física do colégio Adventista de Interlagos - Maria Conceição, por exemplo, adaptou todas as modalidades esportivas para que a aluna Mônica Guimarães, cadeirante, pudesse participar das aulas, normalmente, e em plena interação com os demais alunos.

O nascimento prematuro de Mônica, aos seis meses de gestação apenas, resultou em problemas motores, por isso a dificuldade de andar e o auxílio de uma cadeira de rodas. No entanto, isso não é impedimento para que ela participe das aulas de educação física, as quais diz a aluna, serem as preferidas. "Estudo aqui há cinco anos e me sinto muito bem, pois não fico de fora de nada. Os professores dizem que sou uma boa aluna, mas em questão de preferência, a aula de que mais gosto é educação física", diz Mônica Guimarães, 15 anos.

O gosto de Mônica pelas aulas de Educação Física parece ironia, mas, na verdade é reflexo da execução da educação magna, que inverte possíveis obstáculos em desafios a serem superados, desafios que instigam o profissionalismo e a criatividade de um corpo docente dedicado à arte de ensinar.

Mônica joga basquete, vôlei, futebol de salão, entre outros esportes, todos com regras especiais, assim como ela. "O mais interessante é ver que a turma dela aceita jogar com regras diferentes sem nenhum problema. Sinto que minha filha está bem acolhida aqui. A cada dia, o colégio observa novas demandas de Mônica e procura ajustar tudo para o maior conforto dela. Levei mais de oito meses para achar uma escola com estrutura para a Mônica, mas a luta e o sofrimento valeram as penas", destaca Maria Isabel Guimarães Santos, mãe da aluna.

Além de adaptar modalidades para Mônica, a professora de Educação Física do colégio Adventista de Interlagos leva suas turmas para conhecerem locais como a AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente. "Meu objetivo é que meus alunos conheçam mais de perto a realidade de crianças com necessidades especiais. A presença da Mônica aqui já nos ensina muito, mas é importante levá-los para que aprendam a respeitar e desenvolvam o hábito de cooperarem com os mais limitados", ressalta Maria Conceição.

O colégio Adventista de Interlagos, além de Mônica, que é cadeirante, atende alunos com síndrome de Down, Xfrágil (também uma síndrome cromossômica), paralisia cerebral, deficiência mental, deficiência aditiva, entres outros. A rede Adventista de Educação, por meio do aperfeiçoamento de suas unidades vem mostrando que é possível oferecer acessibilidade e qualidade, simultaneamente, fazendo valer a premissa de educação para todos.

Colégio Adventista de Interlagos - Rua Antonio Le Vocci, 363. Fone: (11)5666-2545.

***

OBS. DO EDITOR DESTE BLOG: A iniciativa acima é altamente louvável, mas devemos lembrar que pessoas com deficiência não são "portadoras" de nada, não são "especiais" e nem têm "necessidades especiais".

sexta-feira, 6 de março de 2009

Mostra de cinema para pessoas com deficiência auditiva e visual no CCBB do Rio

Agência Inclusive, 05/03/2009:

Mostra de cinema para pessoas com deficiência auditiva e visual no CCBB do Rio

Pelo sexto ano consecutivo, o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro abriga a mostra Cinema Nacional Legendado, que, desde de setembro 2007, além das pessoas com deficiência auditiva, contempla também as com deficiência visual, através do sistema de audiodescrição. Como nos anos anteriores, em 2009, serão exibidos sempre dois filmes por mês.

A mostra Cinema Nacional Legendado e Audiodescrito acontece sempre aos sábados, às 17h, com entrada franca. Em março, os filmes selecionados para a mostra são: O documentário “Sentidos à flor da pele” dias 07 e 21 e o filme “Meu tio matou um cara” dias 14 e 28.

A mostra é uma iniciativa da fonoaudióloga Helena Dale, em parceria com a ARPEF (Associação de Reabilitação e Pesquisa Fonoaudiológica) e com o Centro de Produção de Legendas (CPL). Para agregar a audiodescrição, a mostra contou com o apoio determinante do CCBB Rio, que equipou sua sala de cinema com 40 fones sem fio adaptados com tecnologia avançada, que descreve as cenas dos filmes para quem não pode ver o cenário, figurinos, expressões, etc. Com este processo, que grava e transmite as “imagens” por fones às pessoas com deficiência visual, o filme pode ser repetido inúmeras vezes. Antes desta mostra, a audiodescrição era feita ao vivo, por atores especialmente treinados para narrar o que se vê nas telas.

PROGRAMAÇÃO DE MARÇO 2008

DIAS 07 e 21 - “Sentidos à flor da pele”

Exibições com legenda oculta e audiodescrição
Gênero: Documentário
Ano: 2008
Direção: Evaldo Mocarzel
Produção Executiva: Zita Carvalhosa
Roteiro: Evaldo Mocarzel e Marcelo Moraes
Montagem: Marcelo Moraes
Direção de Produção: Afonso Coaracy
Direção de Fotografia: Paulo Jacinto dos Reis e Jacques Cheuiche
Fotografia Adicional: Gustavo Hadba
Edição de Som: Miriam Biderman, Ricardo Reis e Ana Chiarini
Pesquisa e Produção de Finalização: Letícia Lemos T.
Assistência de Câmera: Fabiano Pierri
Assistência de Produção: Paula Mazini
Secretária de Produção: Diana Oliveira

Sinopse

Sentidos à Flor da Pele acompanha a rotina de vida de deficientes visuais que atuam de modo nada convencional no mercado de trabalho. Vivemos num mundo cada vez mais dominado por imagens. A perda parcial ou total da visão promove um aprofundamento na fruição dos outros sentidos, que se tornam muito mais aguçados. O tema principal do filme são as capacidades, habilidades, inúmeras possibilidades de inclusão, também estímulos, compreensão e a luta contra todo tipo de preconceito.

DIAS 21 e 28 - “Meu tio matou um cara”

Exibições com legenda Oculta
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 87 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2005
Estúdio: Natasha Filmes / Casa de Cinema de Porto Alegre
Distribuição: Fox Film do Brasil
Direção: Jorge Furtado
Roteiro: Jorge Furtado e Guel Arraes, baseado em livro de Jorge Furtado
Produção: Paula Lavigne, Guel Arraes, Nora Goulart e Luciana Tomasi

Sinopse

Éder (Lázaro Ramos) é preso ao confessar ter matado um homem. Duca (Darlan Cunha), um menino de 15 anos que é sobrinho de Éder, quer provar a inocência do tio. Ele tem certeza que o tio está assumindo o crime para livrar a namorada, Soraya (Deborah Secco), ex-mulher do morto. Duca também quer conquistar o coração de Isa (Sophia Reis), uma colega de escola que parece estar mais interessada em seu melhor amigo, Kid (Renan Gioelli). Para conseguir provar sua teoria, Duca recebe a ajuda de Isa e Kid nas investigações.

Elenco

Aílton Graça (Laerte); Darlan Cunha (Duca); Deborah Secco (Soraya); Dira Paes (Cléia); Lázaro Ramos (Éder); Sophia Reis (Isa); Renan Gioelli (Kid), entre outros.

CINEMA NACIONAL LEGENDADOE AUDIODESCRITO

Local: CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL
Rua Primeiro de Março, 66 - 1º andar - Centro - Rio de Janeiro.
Sábados, às 17 horas
Entrada Franca - Distribuição de senhas - 1 hora antes da sessão
Informações: 21. 3808-2020

Pessoas com deficiência e HIV/aids: interfaces e perspectivas: uma pesquisa exploratória

Ana Rita de Paula (*)
Fernanda Sodelli (**)
Gláucia Farias (***)
Marta Gil (****)
Mina Regen (*****)
Sérgio Meresman (******)

Pensei: hoje é um dia que dá prá abrir uma janelinha!

Dedicamos este trabalho à Marina, que respondeu assim ao ser indagada porque decidiu participar do Grupo Focal e a todas a, esperando que este texto se junte a sua aspiração.

Como tudo começou

O Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas foi contratado pelo Programa Municipal de DST/Aids, da Secretaria Municipal da Saúde, em setembro de 2007, para pesquisar a situação de vulnerabilidade das pessoas com deficiência (PcD) na cidade de São Paulo em relação ao HIV/aids , pois este é um tema importante e infelizmente ainda bastante desconhecido.

O desconhecimento abrange aspectos quantitativos (como a prevalência do HIV/aids neste segmento, que no Brasil corresponde a aproximadamente 27 milhões de pessoas ) e aspectos de natureza comportamental, representações simbólicas e temas correlatos. Há muito a conhecer e pesquisar. Como bem enfatizou o Dr. Dráurio Barreira (médico epidemiologista do Instituto de Saúde), antes de pesquisar aspectos referentes à prevalência, há que conhecer comportamentos ligados ao exercício da sexualidade e que são componentes de situações de vulnerabilidade. Esse foi o norte adotado por esta pesquisa.

Ao propor a pesquisa, o Programa Municipal de DST/Aids atendeu uma antiga reivindicação do movimento das pessoas com deficiência, a de conhecer suas necessidades no que se refere à saúde e especificamente em relação ao HIV/aids, para elaborar ações e políticas públicas condizentes.

Essa não foi a primeira ação do Programa neste sentido; destacamos algumas, como a produção de materiais educativos sobre a prevenção do HIV/aids, com a participação do Conselho Municipal da Pessoa Deficiente (CMPD), de São Paulo e de representantes de entidades da sociedade civil (2002), a realização do I Seminário Municipal da Saúde da Mulher com Deficiência, “Direito à Saúde com Dignidade: Sonho ou Realidade” - Coordenadoria de Participação Popular, Coordenadoria Especial da Mulher e CMPD, em parceria com as áreas técnicas da Saúde da Pessoa Deficiente e DST/Aids (SMS/SP), em 2002 e a II Conferência Municipal de DST/AIDS, em 2005, quando foram aprovadas resoluções voltadas para a prevenção às DST/aids em pessoas com deficiência, incluindo a necessidade de pesquisas para conhecer a dimensão da presença do vírus entre estas pessoas e de oferecer qualificação técnica para que PcD possam atuar como Agentes de Prevenção.

Portanto, a pesquisa a que nos referimos, que recebeu o título de “Pessoas com deficiência e HIV/aids: interfaces e perspectivas” representou um passo adiante nesta trajetória rumo ao conhecimento da problemática inserida na confluência destes temas.

A pesquisa foi iniciada pelo IS – Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Porém, por questões administrativas internas ao órgão, a atividade foi interrompida e o Amankay foi contratado, em virtude de sua experiência anterior com este tema e deu continuidade ao processo já em andamento. A equipe permaneceu, com exceção de um Agente de Pesquisa.

(Clique aqui para download da íntegra da pesquisa)

quarta-feira, 4 de março de 2009

Direitos globais

O Globo, Opinião, 28/02/2009:

Direitos globais

CRISTOVAM BUARQUE

Na semana passada, a Academia da Latinidade, inspirada e dirigida pelo professor Candido Mendes, realizou no Instituto Nobel para a Paz e na Academia de Ciências da Noruega um debate de três dias sobre a ética na universalização dos direitos humanos.

Embora o principal tema tenha sido as relações entre cristianismo e islamismo, ao longo dos debates surgiram cinco novos direitos humanos, que ainda precisam ser globalizados.

Primeiro, o direito ao meio ambiente.

É preciso que o patrimônio natural do planeta seja garantido para as gerações futuras. Esse é um direito humano tão sagrado quanto os já reconhecidos e defendidos há 60 anos, pela Declaração Universal. E vai exigir mudanças profundas no sistema produtivo e nos padrões de consumo das gerações atuais.

Segundo, o direito à migração. No mundo onde uma crise do sistema financeiro norte-americano se espalha por todos os países, onde o comércio é praticado livremente, onde um carro ligado em qualquer parte do mundo eleva a temperatura de todo o planeta, ainda há fronteiras que impedem a mobilidade das pessoas.

Os pobres são impedidos de se mudar em busca de emprego em outros países. O mundo global precisa tratar a migração internacional como um direito humano fundamental, derrubar as fronteiras da migração, como derrubou as fronteiras comerciais.

Terceiro, o direito à educação. Se o capital econômico está baseado no conhecimento, e o emprego de cada pessoa depende de sua qualificação, é inaceitável que a educação de cada criança dependa dos recursos da prefeitura da sua cidade. Se os direitos proíbem a tortura, não podemos permitir que ainda existam cerca de 800 milhões de analfabetos no mundo.

Nem podemos tolerar que, por falta de educação, mais de um bilhão de jovens sejam incapazes de navegar no mundo virtual que caracteriza a contemporaneidade.

O quarto direito é ao emprego. As sociedades devem se unir em torno de um grande programa mundial de geração de empregos. Obviamente, esse emprego não poderá ser imposto ao setor privado, para produzir bens para o mercado, mas pode ser criado pelo setor público para atender à demanda por bens culturais, pela recuperação do meio ambiente, pela atenção em saúde, pela educação.

A Bolsa-Escola era um exemplo desse emprego social: a família era empregada para garantir que o filho estudasse.

O quinto direito é à saúde. Ao nascer no mundo global de hoje, as pessoas têm mais desigualdade no acesso à saúde, inclusive no direito a viver mais ou menos, do que tinham no passado. No século XIX, a medicina era praticamente a mesma para qualquer pessoa. No século XXI, o acesso à medicina é completamente diferente, segundo a renda da pessoa. Isso é imoral. E pode levar a uma diferenciação tão grande entre os seres humanos, que provocará o desaparecimento do conceito de semelhança. O mundo precisa definir sistemas de atendimento médico que iguale a chance de todos à saúde, sem importar em que país estão e a renda de que disponham.

Fiz a defesa desses cinco direitos durante os debates do XIX Colóquio da Academia da Latinidade, em Oslo.

Creio que o Congresso Nacional deveria debater o assunto nas Comissões de Direitos Humanos da Câmara e do Senado. Ao mesmo tempo, com a liderança que adquiriu nos governos dos presidentes Fernando Henrique e Lula, o Brasil deve tentar influir no cenário internacional, nas entidades que pertencem ao sistema das Nações Unidas, para que sejam encontradas formas de realizar o que pode ainda parecer um sonho: cinco novos direitos humanos globais.

No final da grande crise de 1929 a 1945, o mundo aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos e implantou o Plano Marshall, que recuperou a economia da Europa e lançou as bases para o desenvolvimento dos países do Terceiro Mundo.

As crises globais deste começo de século XXI - ambiental, financeira, social - podem ser o novo tempo dos direitos humanos globais e sociais. O Brasil tem um papel a cumprir, omitir-se é fugir à responsabilidade.

CRISTOVAM BUARQUE é senador (PDT-DF).

segunda-feira, 2 de março de 2009

Como aprender a formar redes sociais

O Globo Online, blog Razão Social, 02/03/2009:

Como aprender a formar redes sociais

Esta é uma boa dica para quem está interessado em se especializar num tema tão instigante e tão atual quanto as redes sociais. Afinal, há muito se vem falando e provando que, sozinhos, homens e mulheres não conseguem fazer nada. Pois então: a ONG Terra dos Homens vai dar um curso destinado a profissionais e estudantes, que não só toca no tema redes sociais como também gira sobre o trabalho social com as famílias. A equiope da ONG e profissionais especializados estarão dando as aulas, de 12 de março a 10 de dezembro, aqui no Centro do Rio.

Quem quiser mais informações, é só ligar para 21-2524-1073 ou mandar e-mail para valeriabrahim@terradoshomens.org.br.

***

Obs.: “Redes sociais, familiares e institucionais e dependência” é um dos ítens do curso, que, no seu conjunto, aborda todos os aspectos do estudo e do trabalho social com a família.

A experiência no sambódromo - Setor Especial

O Globo Online, blog Mão na Roda, 26/02/2009:

A experiência no sambódromo - Setor Especial

Carnaval acabou, Salgueiro campeão! E viemos aqui relatar a experiência de ter ido ao Sambódromo! Na segunda-feira de carnaval resolvi aceitar o convite feito pelo irmão cadeirante de ir ao Sambódromo assistir à batucada das escolas de samba. Usando a dica que colocamos em outro post, ele conseguiu dois ingressos para o setor especial, um para ele e outro para um acompanhante (que não era eu).

Com vontade de ir, mas com receio de não conseguir ingresso (e sem muita vontade de me aventurar com os cambistas), resolvi encarar o desafio. Havia até ligado para algumas empresas, mas o inve$timento estava fora das minhas expectativas. Fui então, de gaiata, tentar descolar um jeito de adentrar a festa! Chegando lá, nos dirgimos até a área do estacionamento reservado, que fica praticamente ao lado da entrada do Setor Especial. O pessoal responsável pelo setor ofereceu um atendimento exemplar. Havia banheiros adaptados e rampas de acesso.

Consegui, então, ingressos para o Setor 13, na arquibancada, que fica bem atrás desse setor. O acesso a ela é feito por rampas, mas só é possível ficar na primeira fila. Não sei como é nas outras arquibancadas. Garrafa d’água e letra dos sambas na mão, fomos para lá. Lá de cima dava para ver todo o setor especial, ele fica situado no final da avenida, praticamente no fim do desfile. O mais estranho foi descobrir que o Setor para pessoas com deficiência mais parecia um setor de acompanhantes do que de cadeirantes! Intrigante ver os acompanhantes desesperados para assistir às escolas passando, eles lotavam a frente do setor sem se incomodar em tampar toda a visão dos cadeirantes! Gente, como assim?! Que doidera!

Enfim, foi uma bagunça boa! Vale à pena a experiência! Abaixo uma foto que indica onde fica o setor 13, pois sabem como é, né? Achei melhor deixar minha máquina fotográfica em casa!

Anúncio de graça

O Globo Online, Ancelmo.com, 02/03/2009:

INCLUSÃO DE DEFICIENTES
Anúncio de graça

A Secretaria Especial dos Direitos Humanos, do ministro Paulo Vannuchi, decidiu usar o youtube, o site de vídeos, para divulgar seus projetos.

Já pôs lá o filme de sua campanha de inclusão de deficientes. Confira abaixo:

Campanha “Iguais na Diferença” - Audiodescrição

É isso aí, Gabrielzinho do Irajá

Jornal do Brasil, 02/03/2009:

ENSINO ESPECIAL
É isso aí, Gabrielzinho do Irajá

Cantor é um dos alunos com deficiência visual que vai fazer a avaliação da rede municipal

Fernanda Thurler

Ele despontou aos 9 anos como ator na novela América. Aos 11 lançou o CD Ninar meu samba, com participação de Dudu Nobre, Luiz Carlos da Vila e Dorina. Desde então é figura obrigatória nos shows de samba. Mas não abandonou o estudos. Aluno há seis anos da Escola Municipal Gaspar Viana, em Irajá, Gabriel Gitahy da Cunha, o Gabrielzinho do Irajá, de 13 anos, portador de deficiência visual, é só elogios para a atenção que recebe.

– O material é excelente. Este ano foi a primeiro em que ganhei os livros didáticos escritos em braile. Antes, quando tinha de estudar, alguém tinha de ler para mim.

Gabrielzinho está cursando o 7º ano (antiga 6ª série). Antes, estudou no Instituto Benjamin Constant.

– Prefiro a escola municipal – compara. – Além de ser mais perto de casa, posso conviver com outras crianças que não são deficientes. Tenho uma vida normal. Os meus colegas me ajudam muito.

Gabrielzinho, como todos os alunos da rede municipal, terá de fazer, no dia 19, a prova de avaliação para testar o conteúdo ensinado no ano anterior. O objetivo da Secretaria Municipal de Educação é detetar os estudantes que precisam de reforço escolar. Farão o teste os 727.776 estudantes do Ensino Fundamental, dentre eles os 6.179 da educação especial.

Todos as crianças com necessidades especiais receberam a revisão. O material usado pelo professor em sala de aula foi adaptado por profissionais do Instituto Helena Antipoff, especializado na qualificação do educador e no desenvolvimento da aprendizagem dos alunos especiais.

Os deficientes visuais – 58 cegos e 158 com baixa visão – contam com o Centro de Transcrição a Braille, onde todos o material didático é adaptado para suprir as necessidades de cada um. Há alunos que estudam em classes comuns. Os casos mais avançados, que necessitam de uma atenção específica, frequentam as classes especiais.

– O nosso maior desafio é fazer com que o material seja confortável para a leitura do aluno. Ele precisa de algo eficiente e funcional – conta Aida Cristina da Silva, professora especial em deficiência visual do instituto. – Às vezes, a gente se empolga com o trabalho e enche o material de conteúdo. Um livro didático, por exemplo, com muitas figuras em alto relevo, acaba atrapalhando a leitura do aluno. A gente tem de descobrir o equilíbrio. Informar sem excesso.

Outro desafio é a descrição das figuras dos livros didáticos e das provas para os alunos cegos.

– Como não tem como passar a figura para o braile, a gente tem de descrever o desenho, sem dar informações além do que aparece para não facilitar a resposta do aluno. É um trabalho minucioso e muito cuidadoso – acrescenta Aida.

Para os alunos com baixa visão, a preparação do material é mais específica, porque cada um tem uma deficiência.

– A baixa visão a gente tenta superar aumentando o tamanho dos textos e das imagens de acordo com a necessidade de cada criança. É mais trabalhoso, mas é muito gratificante, o aluno se sente valorizado – destaca Aida.

Para manusear o material, os professores, principalmente os das classes comuns, precisam estar preparados. Segundo informações da Secretaria de Educação, cerca de 2 mil educadores fazem curso sobre deficiência no instituto.

– Há também uma rede de apoio ao educador com psicólogos e assistentes sociais. Cada Coordenadoria Regional de Educação tem uma equipe que visita as escolas para saber as demandas dos professores e dos alunos especiais – conta Leonor Chrisman, diretora do instituto.

***

ARTIGO/SOCIEDADE ABERTA
Não há uma prática de educação inclusiva

Antônio Muniz
PROFESSOR

Para fazer referência a esse tema, faz-se necessário que voltemos nossos olhos ao passado, constatando que até bem pouco tempo qualquer pessoa que apresentasse qualquer diferença mais acentuada estaria praticamente alijada da sociedade, condenada a transformar-se em peso morto, digna da piedade de todos quantos a cercassem.

Não poderia ser diferente no caso das pessoas com deficiência visual, que se dividem em dois grupos: o formado pelas pessoas cegas e o por aquelas outras com baixa visão, ou visão subnormal.

Ainda com nossos olhos voltados para o passado, vamos verificar que a história da educação desses indivíduos no mundo chega à marca dos 200 anos, uma vez que em 2009 comemora-se o bicentenário de Louis Braille, inventor do sistema de escrita e leitura usado pelos cegos, sem que possamos afirmar que os professores da rede oficial de ensino estejam preparados para receber em suas salas de aula alunos com tais características, ou que a estrutura das escolas esteja efetivamente adequada às especificidades de quem não vê.

Com seu costumeiro pioneirismo, o Brasil, mercê da magnanimidade de dom Pedro II, viu construir e se erguer na cidade, em 1854, o primeiro educandário para cegos de toda a América Latina, atualmente denominado Instituto Benjamin Constant.

Apesar dos esforços desempenhados por esses indivíduos, o fato é que só a partir da década de 50 do século 20 é que essas pessoas conseguiram se incluir nas escolas ditas comuns. E, também por conta dessa constante luta, esse acesso finalmente foi reconhecido pelo governo federal com a Lei 4.024, a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação que tivemos.

Como expressão consolidada do processo de luta por sua emancipação, as pessoas cegas e com baixa visão, aliadas a profissionais que atuavam na área da educação especial, constituíram, em 1968, a Associação Brasileira de Educadores de Deficientes Visuais, que tem, ao longo de sua trajetória, se empenhado, junto às autoridades governamentais nas três esferas, para que os educandos cegos e com baixa visão recebam o atendimento adequado às suas especificidades.

Chegaram os anos 80 e, com eles, toda a efervescência social caracterizada pela decadência da ditadura militar, contribuindo para que esse segmento tivesse oportunidade de capilarizar sua organização associativa pelos estados.

Por força da luta desses indivíduos, aliados ao amplo movimento social que se formou na época, a Constituição de 1988 foi a primeira das sete Cartas Magnas a contemplar os indivíduos com deficiência, estabelecendo diretrizes para a construção de políticas públicas em vários dispositivos.

Conquistamos a partir daí todo um emaranhado de leis que “protegem” ou “asseguram” nossos direitos, mas que infelizmente ainda não são devidamente observadas pelas autoridades. Dispomos ainda de um aporte adicional, que é a Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, que, no Brasil tem força de emenda constitucional, por ter sido ratificada pelo Congresso em 2008.

Apesar da lei, o fato é que muito pouco tem se feito pela inclusão educacional dessas pessoas.

Embora tenha havido por parte do governo federal algum esforço no sentido de promover capacitações para o corpo docente, ainda é comum encontrarmos pessoas cegas matriculadas em escolas apenas como ouvintes, exatamente como no tempo de Louis Braille, há quase 200 anos, com a diferença de que naquela época ainda não existia um sistema apropriado para os cegos acessarem a escrita e a leitura.

Não há informação acerca da distribuição do livro didático em braille ou em tipos ampliados para os milhares de educandos cegos e com baixa visão matriculados nas escolas brasileiras.

Se é verdade que em 1999 tivemos acatada antiga reivindicação do segmento, sendo constituída uma Comissão Brasileira do Braille no MEC, encarregada de traçar políticas de atualização e disseminação desse sistema de leitura e escrita em todo o território brasileiro, também é verdade que tal comissão não tem recebido a merecida atenção das autoridades, tendo até sido reestruturada sem que se tivesse efetuado um processo de discussão com o o segmento.

Dirão as autoridades do MEC que está se promovendo o acesso digital desses indivíduos, matriculados na rede oficial de ensino, quando se remete para a escola um notebook para cada aluno cego ou com baixa visão. Quando partimos para fazer tal verificação, constatamos que dificilmente tal equipamento chega a seu destino. E, quando isso ocorre, não existe professor preparado nem o aluno dispõe de conhecimento técnico, por pequeno que seja, para lidar com aquela ferramenta.

Diante desse quadro, não podemos afirmar que esteja havendo no Brasil uma prática de educação inclusiva, ao menos em relação às pessoas cegas e com baixa visão.