O
inesperado biscoito
Cassiano
Fernandez
Era por volta de três horas da tarde de
um dia comum de trabalho no Comdef-Rio, estávamos eu e a “Adorável Criatura
Hindu” (apelido que carinhosamente conferi ao meu colega de trabalho André
Hissa), quando de repente tive uma vontade incontrolável de tomar um café.
Estando no meio de uma tarefa, com notável preguiça de ir até a copa apanhar o
café, ou lá sentar para tomá-lo, considerando que a copa é bastante distante da
sala onde trabalhamos, me voltei para André e disse:
- Vou à copa pedir a alguma funcionária
que traga o café aqui na sala!
André, surpreso, com os olhos mais
arregalados do que uma coruja, intervém:
- Não! Eu acho que isso não é permitido,
pois o Comdef-Rio é um órgão separado da Secretaria.
Já abrindo a porta da sala, decidido a cumprir
o meu objetivo, soltei um quase profético “veremos” (só faltou a gargalhada).
No meio do caminho para a copa encontrei
a simpática Lícia, Chefe de Gabinete, que me interpela com uma adocicada
saudação:
- Cacá! Você por aqui a essa hora! O que
você quer? Já sei... você veio em busca de um café, acertei?
- Sim! - disse eu. - Se não for incomodar,
é claro.
- Quer um biscoitinho também? - indaga
Lícia.
- É claro! - disse eu sorridente,
pensando na minha vitória sobre o ceticismo de André.
- Pois então pode voltar para a sua sala
que logo mandarei a Edeline levar o café juntamente com os biscoitos.
Eu, que até então no fundo julgava a
parte dos biscoitos como brincadeira, voltei para a sala menos de dois minutos
após ter saído em busca do café.
André, ao me ver de volta tão rápido,
indaga irônico:
- Ué, engoliu o café?!
E eu, sem disfarçar o meu sorriso,
respondi:
- Não querido, apenas fiz o que disse
que ia fazer: mandei trazer o café!
- Você o quê?! - indagou André numa
interrogação exclamativa quase indignada. - Mas como você conseguiu?
- Ser cadeirante tem suas vantagens, meu
bem! Eu não sou Hindu, mas tenho carisma.
Como previsto, minutos depois o pacote
de biscoitos de chocolate chegava acompanhado do café pelas mãos da simpática Edeline.
Me aproveitando do estado de
perplexidade de André, fiz o oferecimento irônico:
- Quer biscoito?
Ele, sem poder conter a gargalhada,
respondeu:
- Pô, Cacá, estou de dieta para
trabalhar na “IEVE” hoje à noite (por dieta entenda-se: não beber, não comer
carne, chocolate e não manter relação sexual).
Passei o dia me deliciando triplamente
com a gentileza de Lícia, com o biscoito e com a cara embasbacada de André.
Isto vem para reforçar minha teoria de
que um belo sorriso e palavras doces movem montanhas.
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