Transeunte
animal
Cassiano Fernandez
Cinco horas da tarde, mais um expediente terminava, e era hora de se
engajar no trajeto de volta.
Tudo até então transcorria como nos dias anteriores: aquela má vontade
típica por parte dos agentes do metrô, que deixam o usuário pastando por horas
sem atendimento, o interessantíssimo fato de assistir as pessoas que vêm e vão
pelas escadas como animais.
Foi então que com incrível boa vontade, apesar de ter demorado o mesmo
tanto que seus colegas, surgiu um agente de segurança que foi logo tratando de
agilizar a operação “descendo escada”, destravando a plataforma que escorre
pelo corrimão – a cadeira é depositada em cima do aparelho e o mesmo desliza
até embaixo a 0,1 quilômetro por hora.
Enquanto a plataforma escorria corrimão abaixo, e como fosse um
processo demorado, um transeunte um
tanto quanto apressado começa a correr escada acima justamente pelo lado onde o
aparelho deslizava (lembrando que existem algumas sinalizações de que a coisa
está em funcionamento: ao longo de todo o percurso existe uma faixa amarela, além
de, quando em funcionamento, a plataforma emitir um bip e uma luz como sirene
de carro de polícia) e como estivesse olhando para o chão, ignorando todos
sinais, vem de encontro ao aparelho em movimento. Me assustei e imediatamente
larguei a alavanca, fazendo-o parar.
O agente que vinha me acompanhando, ao perceber que travei o aparelho
diz:
-“Aew, irmão, não para não!, atropela este “CAVALO”! Vai pra cima dele!
É ele que está errado!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário