quarta-feira, 16 de julho de 2014

A luta de deficientes em debate no Rio


O Globo, Sociedade, 16/07/2014:

A luta de deficientes em debate no Rio

Evento mostra hoje no Leblon a história de ativistas em defesa da inclusão

Sérgio Matsuura
sergio.matsuura@oglobo.com.br

O último Censo do IBGE mostrou que existem mais de 45 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência. Um contingente que parece invisível quando se trata de políticas públicas. Mas não por falta de luta. Desde 1958, com a fundação do Clube do Otimismo por Robson Sampaio, no Rio, o direito à inclusão está na pauta para um grupo de ativistas. De lá para cá, vitórias pontuais se transformaram em leis, tudo chancelado pelo reconhecimento da cidadania de pessoas com deficiência pela Constituição de 1988.

Parte de uma história de muitas lutas será recontada hoje no Midrash Centro Cultural, no bairro carioca do Leblon. A partir das 20h, haverá a exibição do documentário “História do movimento político das pessoas com deficiência no Brasil”, de Aluizio Salles Junior, seguida de palestra de Andrei Bastos, jornalista e presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Rio (Comdef-Rio), e Izabel Maior, ex-secretária Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. O filme terá recursos de acessibilidade, com audiodescrição, legenda e interpretação na Língua Brasileira de Sinais (Libras). A entreda é gratuita.

– Antes da Constituição, nós não existíamos – resume Bastos. – De fato, ainda hoje muitos de nós não existem. As leis brasileiras são até consideradas avançadas, mas acabam não postas em prática.

QUESTÃO DE DIREITOS HUMANOS
O documentário, lançado em 2010, conta a trajetória de 25 ativistas pioneiros no engajamento por mais acessibilidade. Os depoimentos revelam os esforços, as contradições do movimento, avanços e retrocessos e a necessidade de subverter a ordem para sensibilizar a sociedade. E os personagens deixam claro buscar transformar a visão caritativa, ainda presente, em uma questão de direitos humanos.

– Nós queremos a independência das pessoas com deficiência. Eu sou deficiente e sou capaz – afirma Bastos. – Há uma diferença muito grande entre o que é a regra e o que é a exceção. A maioria das pessoas com deficiência é capaz de estudar e trabalhar, mas a sociedade nos vê como um grupo homogêneo.

Apesar das dificuldades vividas ainda hoje por essa grande parcela da população, Bastos destaca que a situação vem melhorando nos últimos anos, principalmente após a publicação do decreto 5.296 de 2004, que regulamentou, com prazos e sanções, o cumprimento de leis e direitos de pessoas com deficiência.

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