quinta-feira, 23 de julho de 2009

Rio é nota zero em acessibilidade

Jornal do Brasil, 23/07/2009:

Rio é nota zero em acessibilidade
Estudo mostra que a cidade, uma das sedes da Copa-2014, ignora deficientes físicos

Camilla Lopes

Um estudo realizado pela Rede de Desenvolvimento do Turismo Sustentável das regiões turísticas da cidade do Rio de Janeiro e Niterói (RedeTuris) mostrou uma difícil realidade para o Rio de Janeiro com vistas à Copa de 2014. Todos os estabelecimentos de quatro polos pesquisados (Botafogo, Tijuca, Praça 15 e Novo Rio Antigo) receberam nota zero em acessibilidade para deficientes físicos.

O estudo foi apresentado ontem, na Associação Comercial do Rio de Janeiro (Acerj), um levantamento turístico sobre quatro polos da cidade: Botafogo, Tijuca, Praça 15 e Novo Rio Antigo.

– Infelizmente as pessoas esquecem do outro. Os idosos são uma massa enorme de pessoas que viajam muito. Os estabelecimentos do Rio não pensam neles e nem nos portadores de necessidades especiais – diz Marília Brito, coordenadora de projetos da Acerj.

Outro ponto em que o Rio está deixando a desejar é o atendimento oferecido pelos bares e restaurantes. Segundo o levantamento, o polo que mais peca neste sentido é a Tijuca. O bairro foi incluído no levantamento turístico pela proximidade com o Maracanã, já que as imediações do estádio devem concentrar milhares de turistas na Copa 2014 e, caso o Rio seja escolhido, nas Olimpíadas de 2016.

Exemplo

O Rio em breve deve realizar projetos com base em um exemplo de sucesso: a pequena cidade de Socorro, no interior do estado de São Paulo.

O município paulista é a maior referência brasileira no chamado turismo adaptado – onde o foco do turismo é o cidadão portador de necessidades especiais.

Localizada na região conhecida como Circuito das Águas, a cidade de Socorro dispõe de recursos naturais para o ecoturismo. No entanto, através de parcerias da associação comercial local com diversos órgãos, entre eles o Ministério do Turismo, o município adaptou suas atrações ecológicas para os portadores de necessidades, bem como as acomodações hoteleiras.

– O europeu e o americano que possuem algum tipo de necessidade especial viajam muito. E, pelas suas limitações, ele não viaja sozinho, e sim com a família. Mas é um turista que define suas rotas de viagem de acordo com a acessibilidade oferecida pelo lugar. O Rio de Janeiro vai perder esse público caso não esteja preparado para recebê-lo – alerta Marília Brito.

Ainda de acordo com a coordenadora, o primeiro dos polos a receber projetos inspirados na experiência de Socorro seria a Praça 15. As melhorias seriam implantadas através de uma parceria entre a Federação das Associações de Valorização e Promoção de Excepcionais (Fenavape) e o Ministério do Turismo.

O subsecretário de turismo do Rio, Pedro Augusto Corrêa, declarou que a prefeitura tem todo o interesse em implantar as melhorias para o turismo.

– Temos que parabenizar a iniciativa da cidade de Socorro, e o Rio tem que buscar as melhorias na acessibilidade para receber melhor os turistas – disse.

Outros quesitos apontados como insuficientes no levantamento da RedeTuris são a má iluminação da cidade, as calçadas esburacadas e os moradores de rua.
Já as implantações necessárias para as melhorias no atendimentos dos estabelecimentos comerciais ficarão sob a responsabilidade de parceiros da RedeTuris.

***

Leia também:

Acessibilidade nos Transportes Coletivos

Ônibus e embarcações devem fazer adaptações para deficientes até 2013

Enquanto isso, em Toronto…

O deficiente transporte coletivo

Nenhum comentário: